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É du... Cordel!

Desde o dia 05, com a primeira turma de alunos da Escola Estadual Poeta Jesuino Antonio D´Ávila no bairro João de Deus, o Primeiro Encontro de Educação e Cordel de Petrolina – É du... Cordel - já se mostrou viável. Acanhados pelo desconhecido, os alunos da oficina, desviavam das prosas e se escondiam, mas aos poucos as produções fluíram, o contato com a métrica e com a rima, a proximidade da primeira com o seu falar habitual, as lembranças das brincadeiras de rimas, natural da região, afinal Cordel rima com Céu, e um céu de possibilidades se abre nas conversas na sala. E no desenrolar dos versos entram temas: Sociedade, sexualidade, drogas, violência, Igualdade e cidadania, etc... surgem as primeiras sextilhas:

Assim começo a historia
Da nossa humanidade
Mexendo com raciocínios
Da nossa sociedade
Nós não queremos calar
Queremos a igualdade

Se é a gente que traça
Pois nós somos sociais
Sem a galera do gueto
Fazendo coisas banais
Não falamos de ninguém
Pois somos todos iguais

Alunos do 2º Ano C – Escola Jesuino Antonio D´Àvila – João de Deus
(Francinaldo Pereira, Júlio César Alencar, Manoel Messias, Carlos Alberto Santos, Cicero da Silva.)

Igualmente nas outras oficinas versos diversos fluíram e viraram Livro, virarão. Mais de 300 alunos e cerca de 40 educadores participaram das oficinas, muitas sextilhas, distintos relatos. As oficinas aconteceram com públicos diversos, alunos da rede estadual de educação, da rede particular, alunos da EJA do Serviço Social do Comercio – SESC e professores e educadores.

A exposição de xilogravuras “Os Sertões de Euclides da Cunha” do artista plástico Gabriel Arcanjo deu o traço visual do encontro. Aberta no dia 13 fica em exposição até o dia 31 de março no SESC Petrolina e ilustrará o livro de cordel produzido nas oficinas.

​Depois de 08 dias de oficinas o encontro reúne cantadores, num ambiente preparado para receber um público eclético e ansioso por escutar versos e canções. O Poeta Chico Pedrosa abre a noite do dia 13 com versos de emocionar e rir, o cantador Marcone Melo solta a harmonia e abre caminho para o violeiro Celo Costa que convida o público a cantarolar para receber um mestre das cantorias, Eugenio Avelino, Xangai, que nas estampas das cordas canta e encanta. E num cenário propício, a luz dá a cor da noite, cor de paz.

No dia 14 um bate papo cordial, professores, alunos, jornalistas, poetas, e gente de outras atividades, se perguntaram e posicionaram as idéias sobre educação, cordel e cidadania, qual a importância dele na sala de aula, qual o papel enquanto instrumento de mudança? Já que elas estão aí acompanhando o tempo, como construir um novo Cenário? Cosme Santos, Josemar Pinzoh, Genivaldo Nascimento e Socorro Lacerda, conduziram a conversa entre risos e poesias, opiniões e sugestões de outros movimentos na educação e na cidadania.

E um novo cenário foi criado para o segundo dia de cantoria, afinal era o dia do poeta, e a poesia veio em versos com Chico Pedrosa abrindo a noite comemorando o seu aniversário.  Com um sereno de risos, o poeta juazeirense, João Sereno, solta melodiosamente suas canções. Maviael Melo continua, levando ao palco canções autorais e versos de amigos, canta com o povo a saudade do Rei e afirma que tudo tem sua vez, quando chega a vez.

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Aldy Carvalho, petrolinense paulista, mostra a cantoria na sua forma peculiar de cantador e puxando o trem convida Maciel Melo, que caboclo e sonhador realiza, relendo sucessos dos seus trinta anos de carreira, cativa e mostra porque Petrolina tem orgulho de ser rainha do sertão.  “És rainha na vida de um moleque traquino, trovador de travessuras....” recebendo como convidado Xangai, e o “auxilio luxuoso” de João Sereno, finda a primeira edição do encontro com a canção Rainha, que faz parte da trilha sonora da nova novela das seis: Flor do Caribe.

Fazer um balanço de tantos dias assim é poder dizer da felicidade de saber que o espaço existe, sempre existiu, é querer ocupar, falar da nossa gente, das nossas coisas, é querer poder escolher, ficou pequeno o espaço. E pequeno seria o encontro se não fosse o acreditar em realizar do departamento de cultura do SESC Petrolina que abriu as portas pra o projeto e realiza com presteza a cultura de Petrolina, da GRE – Gerencia Regional de Educação, proporcionando o contato das oficinas com escolas estaduais e com professores, da escola Vivencia, da Claudete Alimentos, do Sindsemp e da Clas Comunicação e Marketing, que muito bem espalhou o alarido do que aconteceria e foi acontecendo desde o dia 05 até o dia 14, resultando num público expressivo, eclético e atencioso.

Fazer um balanço é prudente, como é prudente também sonhar. O encontrou aconteceu, contemplado pelo Ministério da Cultura, no edital de Micro Projetos do São Francisco uniu forças com os parceiros citados e se fez real. O Aconchego dos versos e das canções, o sentimento colocado por cada pessoa em cada oficina, o brilho das xilogravuras, o desejo de falar e ouvir no bate papo e a participação dos cantadores todos, deixa o gosto de querer outro, pois o encontro foi exitoso. Foi du... Cordel!

 

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