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E já que vai apelar usando da oratória,
Puxe então pela memória a convivência no lar
Das pernas nesse cruzar, em cada sessão de fitas,
Fale das palavras ditas em sussurros tão singelos
E nos olhares mais belos fale então que acreditas

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Na inocência do réu e de seus antecedentes

Dos versos que diferentes vão se espalhando no céu
Discurso de Menestrel anseia a palavra certa
E sempre de guarda aberta para entender a mudança
Proponha uma aliança, selada na mão que aperta.

 

Olhe no olho direto e termine a apelação,
Traga pelo coração sem precisar de decreto
Disponha o que for secreto e peça o deferimento:
Liberte nesse momento, pois o réu não é culpado.
Ele só quer ser amado e amá-la em todo momento.

 

Publique-se e arquive-se! O Deferimento.

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Comarca da Cidade de São Salvador da Bahia, em dezesseis de maio de dois mil e treze.

Sentença

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Quando saiu a sentença, pensou-se em causa perdida.
Pois o juízo em saída diz que o crime não compensa
Mas se não tem desavença, carece de apelação,
É bom usar a razão para propor o recurso
E refazer o percurso, do crime a simulação.

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Faça um relato dos fatos, como tudo aconteceu,
A forma como se deu, o manipular dos tatos
Use provas em retratos, vá construindo o argumento,
Repasse cada momento, de cada ausência e saudade,
De cada felicidade, também de cada lamento.

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Refaça a lista dos planos, que foram assim acordados,
Entre os abraços grudados, entre as cobertas sem panos.
Pela contagem dos anos, se a casa já se ergueria?
E a trilha que se seguia, era ou não premeditada,
Ou foi no sonho traçada, todo noite e todo dia?

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Para fazer a defesa seja o próprio contador
Que fala sempre do amor, que compartilha na mesa,
Liberto e sem alma presa, entre verbos de carinho,
Do chegar devagarzinho, tateando o aconchego,
Pra conduzir o chamego em cada taça de vinho.

Deferimento

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Relendo os autos da história e analisando os fatos
Não vi enfim desacatos e nem tão pouco a inglória
Escutando a oratória da sua defensoria
Vi espasmos da alegria da causa por está perto

​E nesse caso o mais certo é o juízo da utopia

 

Que imagina ser feliz em meio à dificuldade
E lembra com claridade toda que faz e o que diz
Mas no meu caso, Juiz. Serei sempre imparcial
Não vi nada de anormal em todo procedimento
Por isso o deferimento tem aqui o meu aval.

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